25 de fev. de 2011

Douglas

(publicado no dia 26/08/2010 no antigo blog)


  Sábado dia 14/08 acordei, tomei banho, acordei minha esposa, fiz um café da manhã para ela, nos ajeitamos e fomos para ultima consulta do pré- natal dela. Chegamos lá, o médico fez os procedimentos e conversou muito conosco, afinal, o Douglas estava próximo de nascer. Ele nos informou os riscos do parto normal, disse que não valia a pena o desgaste, que os médicos não estavam preparados para fazer partos normais hoje em dia e que era mais arriscado ainda fazer o parto com algum plantonista, pois ele não acompanhou a gravidez, em outras palavras, ele queria que pagássemos R$ 2.000,00 para ele. A resposta foi:

- OK, pode deixar que eu vejo e te ligo.
  Meu pensamento assim que sai de lá foi “vai se foder seu filho da puta, tá pensando que sou otário?”
  Saímos de lá e fomos ao Hospital São Camilo, fizemos um exame cardiotoco para ver se estava tudo ok com o Douglas. Nesse momento, entra na sala o médico, trocou meias palavras conosco até que perguntou:
- Você tem compromisso amanhã cedo?
  Minha esposa olhou para mim e disse:
- Não
  Na verdade eu tinha futebol, mas deixei quieto.
- Quer ter esse filho amanhã?
  Meu coração disparou como nunca antes, minha esposa, em conversa posterior disse que teve a mesma sensação que a minha.
- Sim – Respondeu ela.
- ok, então você vai para casa, descansa e amanhã nos vemos as 8h30 - Disse ele.
  Decidimos pela cesariana, pois sabíamos que naquela altura do campeonato nenhum hospital particular iria realizar um parto normal.
  Partimos para casa de minha mãe para ver uma apresentação de danças de minha irmã mais nova e logo depois fomos para nossa casa, eu estava muito pilhado e nervoso, mesmo assim arrumamos as coisinhas do bebê e tentamos dormir.
  No outro dia, fiz a mesma coisa da manhã passada, tomei banho, acordei minha esposa e fiz o café da manhã. Minha ansiedade estava muito alta, o que seria de mim nas próximas horas? Serei pai, responsável por criar uma pessoa, enfim, mil coisas passavam pela cabeça.
  Chegamos ao hospital na hora marcada, demos entrada nas papeladas e só esperamos chegar o grande momento. Minha esposa saiu da sala de espera e foi para a sala de parto, passou uns 30 minutos e me chamaram para me trocar e acompanhar o parto, eu não estava dentro de mim, era um desconhecido, eu mesmo não me conhecia. Troquei-me e fui à sala do parto.
  Entrei, sentei ao lado de minha esposa e tudo estava indo bem, não parecia que estávamos em uma sala de operações. Os médicos, muito bem humorados, brincavam conosco, um ambiente bem descontraído, tudo isso, acredito eu, para passar segurança aos pais, e conseguiram, até que um auxiliar pergunta para o outro:
- Qual é o seu nome?
  O nervosismo que havia passado voltou só passava uma coisa pela cabeça “que merda é essa? A equipe não se conhece?”. Enquanto isso o bisturi cortava as sete camadas da barriga de minha esposa, ela sorria como se aquilo fosse a coisa mais prazerosa do mundo, todos estavam extremamente tranqüilos, menos eu.
- Pai, já pode levantar-se. – Disse o médico
  Meu filho estava prestes a sair, as lagrimas já queriam escorrer sobre meus olhos, estiquei um pouco mais a cabeça e o médico puxou meu filho, um choro que há muito tempo queria ouvir tocou meus ouvidos e finalmente vi meu pequeno Douglas, ás tímidas lágrimas tomaram conta de meu rosto em meu coração pulava de alegria.
  As auxiliares o pegaram e levaram à sala ao lado, o limparam, tiraram o resto de líquido amniótico dos pulmões e aplicaram vitaminas nele. Ele chorava muito, estava com dó devido ás "agressividades" dos procedimentos até que:
- Pai, se estiver com a mão limpa, pode pega-lo. – Disse uma delas
  Enfim pude pegar meu filho no colo e como um passe de mágica, o pequeno Douglas parou de chorar, como se meu colo fosse sua fortaleza e novamente as lagrimas caiam dos meu olhos e percorria todo meu rosto muito mais forte que da primeira vez.
  Com a face toda molhada levei ele para minha esposa, ela também se emocionou muito, a felicidade radiava em seus olhos, um sorriso verdadeiro e uma alegria que não tinha visto ou sentido antes.
  Por fim, levaram ele ao berçário, colocaram um fraldinha nele e ele dormiu. Fiquei cerca meia hora do outro lado do vidro quieto, imóvel e pensativo, muito pensativo.
  "Meu filho, como você é lindo e como o papai e mamãe te ama. Papai nunca vai fazer nada de mal para você. Sempre que precisar de mim estarei ao seu lado. Quero te fazer dormir, te buscar na escola, soltar pipa, jogar bola, ir ao estádio do Palmeiras, tacar pedras nos gatos, subir nas árvores, andar de skate , surfar, enfim quero ser seu amigo, quero ser seu companheiro para sempre. Eu te amo “
  Agora, mais do que nunca, sou responsável por alguém e esse alguém é meu filho.
  Filho obrigado por existir. Te amo.

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