2 de mar. de 2011

Matheus e as meninas

 


  Um dia desses encontrei o Matheus, ele era um grande amigo na época de colégio, aliás, um dos únicos que tive durante o ensino fundamental. Eu até gostava da escola, mas odiava o pessoal.
  Matheus era o grande pegador da escola, todos os garotos tinham raiva dele, não sobrava uma garota para nós, todas as garotas eram apaixonadas por ele e o bonitão fazia a parte dele. Hoje sou casado, tenho filho e posso afirmar sem desconfiar de minha masculinidade, Matheus era bonito.
  Encontrá-lo me fez lembrar o quanto sou feio, porém, isso não me abala, muito pelo contrário.
  Sempre achei que Matheus iria casar rapidamente, pois ele é agradável, loiro, alto, forte, educado, inteligente, bem humorado, com valores de família e rico, não demoraria muito para uma mulher oportunista aparecer, entretanto, isso de fato não aconteceu.
- Grande Matheus como vai?
- Fala Wesley, tudo bem e você?
- Estamos ai na correria... E você pegador? Continua fazendo a limpa na mulherada?
  Ele deu um sorriso amarelado e disse:
- Esse aqui é o Jorge!
 - Prazer Jorge – Apertei a mão do cara e continuei falando:
- Puts cara, você é foda mesmo, nem acredito que ficou com a Maria, tem noticias dela?
- Pois é, ela era gente boa, mas tinha mal hálito, isso me incomodava. Falei com ela no mês passado, está grávida de uma menina.
- E a Vanessinha? Ta louco heim! Tu é muito sortudo.
- Vanessinha tinha um trazeirão, mas ela tinha boca de velha, toda vez que a beijava eu tinha a impressão que estava beijando a Derci Gonçalves.
- Você é uma figura. E a Vânia?
- Ela era legal, bonita e rica, até achei que iria casar com ela, mas ela peidava demais, pareceria um rinoceronte após uma salada de batata doce.
  Nunca passou pela minha cabeça que os rinocerontes comiam esse tipo de comida.
- Poxa Matheus, você ficou com as melhores garotas da escola, por que não deu certo com nenhuma? E a Priscila?
- Elas tinham muitos defeitos, a Priscila, por exemplo, não gostava de nada, vivia me pedindo presentes, sempre mal humorada e com cara de bunda, qual homem aguenta?
- Isso eu concordo contigo. E a Silmara?
- A Silmara era feia, mas não ligava para isso, o problema era a frigidez dela, parecia uma porta além que não tomava sol nenhum, muito branca, parecia uma lagartixa com anemia, visão do inferno.
- Poxa Matheus, pena que você não deu certo com nenhuma dessas, mas espero que consiga arrumar uma mulher descente, seja menos exigente que você vai conseguir, tenho certeza.
- Estou tranqüilo hoje, não ligo para isso mais. Wesley, não me leve a mal, mas temos que ir embora, estou procurando uma casa para o Jorge morar, ele é da Bahia e mudou-se para São Paulo há um ano.
- Bahia, terra de todos os santos, fui lá quando era pequeno, não me lembro de muita coisa. Você está morando onde por enquanto?
- Na casa de Matheus!  
- Ok pessoal não quero atrapalhar vocês, boa sorte na busca, abraços!
   Continuei meu caminho e sai refletindo. Como pode uma pessoa estar em São Paulo há um ano e só procurar casa agora? Sei não Matheus, sei não!


1 de mar. de 2011

Parabéns à Cidade Maravilhosa

 

  Nunca tive vontade de conhecer o Rio de Janeiro, não sei por que, talvez seja aquele preconceito idiota e sentimento de superioridade que nós paulistanos temos. Certo dia decidi sair de minha zona de conforto e aceitar o convite de minha tia para conhecer o Rio, detalhe, a cidade passava por um surto de dengue.
  Embarcamos no ônibus por volta de 11 horas da noite, entre uma cochilada e outra desembarcamos na Rodoviária Novo Rio (antes da reforma). Comprei um jornal, tomamos café por ali mesmo e pegamos um coletivo até o centro, que por sinal é igualzinho o centro de São Paulo.  Como era muito cedo e estávamos esperando um amigo para nos apresentar a cidade decidimos caminhar pela redondeza, conhecemos a Igreja da Candelária e o Museu Histórico Nacional, ambos por fora, infelizmente.
  Nosso “guia turístico” chegou e de cara nos levou para conhecer o Aeroporto Santos Dumont, logo depois fomos conhecer  o Cristo Redentor e  comecei a entender o apelido da cidade. O cristo é apenas uma estátua grande em cima de um morro, em Caieiras tem uma parecida, com menos marketing, entretanto a visão que temos da Zona Oeste, parte da Zona Norte e Zona Sul são espetaculares.
  Um pouco mais tarde conhecemos os bairros de Botafogo, Flamengo, as Laranjeiras e a Urca (Onde ainda vou morar). Tirei um breve cochilo no carro e quando vi estava na Av Nossa Senhora de Copacabana, paramos para almoçar numa churrascaria e dali fomos até a Avenida Atlântica, seguimos por toda sua extensão, entramos na Rua Francisco Otaviano e chegamos na Vieira Souto, em Ipanema (se não der para morar na Urca, posso ficar em Ipanema) seguimos por ela, cruzamos o Leblon até a Avenida Niemeyer e finalmente chegamos à Barra da Tijuca, lugar surreal. Mas o melhor ainda estava por vir, a praia de Grumari era até então a praia mais bonita que conheci, até conhecer Lopes Mendes um ano depois na Ilha Grande.
  Voltamos para Copacabana, nos despedimos dos amigos e demos entrada no Hotel. No outro dia acordamos bem cedo para dar um mergulho no mar, seria muita burrice ir ao Rio e não entrar naquele mar lindo. Conheci Carlos Drummont,gente boa, perguntei por que ele fica de costas para o mar e ele me respondeu que não gosta da natureza pura e sim da natureza humana. Depois fomos ao forte de Copacabana e para a pedra do Arpoador.
  Retornamos ao hotel, almoçamos no bar de um botafoguense fanático na esquina da Rua Domingos Ferreira com a Rua Santa Clara. Mais tarde fomos ao Maracanã, tinha Fluminense x Botafogo, quase entramos no estádio, mas voltamos para o hotel para descansar um pouco. Pela noite demos uma volta pelo calçadão de Copacabana e fiquei com inveja da qualidade de vida que se pode ter por ali, pessoas praticando exercícios físicos outras jantando nos quiosques, em outras palavras, vivendo.
   No outro dia acordamos cedo, a tarde tínhamos que voltar à São Paulo, arrumamos nossas malas e ainda assim sobrou tempo para eu dar  meu ultimo mergulho. Infelizmente não conheci a Lapa, não fui a nenhum teatro ou cinema, conheci o bastante para saber que não vale a pena perder em média três horas por dia dentro de um coletivo ou preso nos engarrafamentos da Marginal Tietê ou Pinheiros com nariz escorrendo por causa da renite e com os bolsos cheios de papel higiênico molhado, preferia passar esse tempo jogando bola com meu filho a beira mar ou andando de bicicleta com minha esposa.
...
  Antes que me perguntem sobre a dengue, violência e se não fui à nenhuma favela.  Não vi nenhum mosquito transmissor da doença e muito menos tiro, não conheci o Pão de Açucar poís é muito caro, também não quis conhecer as favelas por que já conheço as de São Paulo, é só olhar pela janela de minha casa. Essa história de ir ao Rio e conhecer favela é coisa de gringo.