19 de abr. de 2011

Contos Indígenas


Guilherme Bastos é estudante do último ano curso de Ciências Sociais na USP, mas está se especializando em Antropologia, curso no qual ele se orgulha muito. Seus pais são professores universitários, o pai é mestre em história da America Latina e sua mãe é Socióloga, muito reconhecida por sinal.
O jovem sempre foi fã da cultura indígena, seu quarto é decorado com penachos, flechas, colares, medalhões e cabaças pintadas. No último ano de universidade, como todo estudante, ele ainda estava indeciso sobre o que faria em seu TCC, depois de dias pensando, decidiu estudar a relação do índio com o meio ambiente, mais especificamente a chuva.
Seu pai decidiu pagar uma viagem de um mês para o filho, o local? Tabatinga no Alto do Rio Solimões, região amazônica. Guilherme aterrissou em Manaus, pegou um ônibus até Santo Antônio de Sá e de lá seguiu de barco até Tabatinga, ainda percorreu um bom caminho por trilha fechada até chegar ao território dos índios Tikuna. Os índios Tikuna são historicamente conhecidos pela pintura.
Chegando ao local, Guilherme conversou com Caapuã, filho do Pagé, e perguntou se poderia ficar uma semana lá para estudar, Caapuã concordou e arrumou uma cabana para ele ficar. O que o estudante queria na verdade era falar com o Pagé, entretanto ele teria que esperar dois dias, pois a tribo estava em um ritual para chamar a chuva e qualquer interferência poderia prejudicar o ritual. Guilherme então, como todo bom antropólogo, observou em silêncio durante dois dias os índios e os resultados de seu estudo até então estavam sendo uma maravilha.
No outro dia, Caapuã acordou Guilherme bem cedo e disse:
- Meu pai está te esperando.
O Jovem se arrumou o mais rápido que pode, pegou caneta um bloquinho de papel e seguiu Caapuã, cruzaram toda a tribo até chegar ao outro lado. O índio parou e mandou que esperasse por ali. Caapuã entrou numa cabana e saiu rapidamente.
- Pode entrar.
Guilherme agradeceu e entro na pequena cabana.
- Desculpe não poder atender antes, estamos noites sem chuvas – Parou por um instante, colocou um punhado de fumo na boca e continuou falando – Esse tempo está atrapalha nossa colheita.
- Eu entendo senhor.
- Você é de São Paulo – cuspiu um líquido marrom nada cheiroso – dizem que a cidade é preta clara, ou como vocês dizem, cinza.
- é verdade Page, há muitos automóveis.
- Graças a Yaci Uarua, essa bagunça não chegou aqui.
Guilherme balançou a cabeça positivamente e mudou de assunto:
- Pagé, após esses rituais, como faz para saber se vai chover ou não?
O Pagé abriu um sorriso e disse:
- Eu pego meu IPad e entro num site chamado Climatempo.