Um dia desses marquei uma cerveja
com um grande amigo que não via a mais ou menos uns 10 anos. Marcamos de nos encontrarmos
ali na Avenida Ipiranga com a São João, aquela mesmo que Caetano Veloso
imortalizou com a música Sampa;sinceramente, ali não tem nada demais para virar
versos de música.
Enquanto o esperava, veio um Sr morador
de rua, deveria ter uns 45 anos, bêbado e sem ao menos dizer ‘’boa noite’’ me
fez seguinte pergunta:
- Estava ali no bar tomando uma
pinga, ai entrou um cara falando alto e eu pedi para ele falar baixo, pois
estava incomodando as outras pessoas. Só que ele disse que ia me bater, e agora
o que eu faço?
Por incrível que pareça, essas
coisas são comuns em minha, sempre vem alguém falar comigo e geralmente eu não
quero conversa, principalmente se estiver de fones no ouvido.
Meio impaciente respondi:
- Mas ele te bateu?
Tive a impressão que ao ouvir isso
ele acordou de um transe:
-Não, não me bateu.
- Então não esquenta, ele não vai
te bater mais, segue seu caminho tranquilo.
O Sr me fixou o olhar já molhado
com lágrimas, segurou minha mão com força e disse:
-Olha, faz uns 10 anos que não
ouço palavras boas assim, muito legal o que você me disse, olha meu filho, que
deus te abençoe você e que você viva muito para ajudar as pessoas.
Com o sorriso em falso soltou de
minha mão e foi embora, com passos lentos e enxugando as lágrimas nos olhos.
Arrependo-me de não convidá-lo
para beber uma cerveja.
Dá série ‘’vai criticar o Estado novamente?’’
Essa é mais uma das inúmeras provas que a
policia está longe de ser a cura para pessoas que usam drogas, licitas ou ilícitas, para fugirem da realidade
das ruas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário